Tema: Preposições
- "Significação das preposições.
Nos exemplos atrás mencionados [vide 1 ] , a ideia de movimento está presente em:
Vou a Roma
Todos sairam de casa
São marcadas pela ausência de movimento as relações que as PREPOSIÇÕES a, de e com estabelecem com as seguintes frases:
Chegaram a tempo.
Choraram de dor.
Estive com o Pedro.
Concordo com você.
2. Tanto o MOVIMENTO como a SITUAÇÃO ( termo que adoptaremos daqui por diante, para indicar a falta de movimento na relação estabelecida) podem ser considerados em referência so ESPAÇO, ao TEMPO e à NOÇÃO.
A PREPOSIÇÃO de, por exemplo, estabelece uma relação:
a) ESPACIAL em:
Todos saíram de casa.
b) TEMPORAL em:
Trabalha de 8 às 8 todos os dias.
c) NOCIONAL em:
Chorava de dor.
Livro de Pedro
Nos três casos a PREPOSIÇÃO de relaciona palavras à base de uma ideia central:«movimento de afastamento ou limite», «procedência». Em outros casos, mais raros, predomina a noção, daí derivada, de «situação longe de». Os matizes significativos que esta preposição pode adquirir em contextos diversos derivarão sempre desse conteúdo significativo fundamental e das suas possibilidades de aplicação aos campos espacial, temporal ou nocional, com a presença ou ausência de movimento
3. Na expressão de relações preposicionais com a ideia de movimento considerado globalmente, importa levar em conta um ponto limite (A) em relação ao qual o movimento será de aproximação (B->A.) ou de afastamento (A->C):
Vou a Roma. -------------------------------- Venho de Roma.
Trabalharei até amanhã. ------------------ Estou aqui desde ontem.
Foi para Norte. ---------------------------- Saíram pela porta.
4. Recapitulando e sintetizando, podemos concluir que, embora as preposições apresentem grande variedade de usos, bastante diferenciados no discurso, é possível estabelecer para cada uma delas uma significação fundamental, marcada pela expressão de movimento ou de situação resultante (ausência de movimento) e aplicável aos campos espacial temporal e nocional.
Esquematizando:
Esta subdivisão possibilita a análise do sistema funcional das preposições em português, sem que precisemos levar em conta os variados matizes significativos que podem adquirir em decorrência do contexto em que vêm inseridas."
In. CINTRA, Luís F. Lindley; CUNHA, Celso: Nova gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1997, pp. 552-554
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