O ensino de uma língua segunda ou uma língua estrangeira deve ser um ensino adequado às necessidades do aprendente. Num mundo multicultural, o contacto com as outras culturas visa-se, não só necessário , mas vital, à mútua compreensão. Para que se permita que a globalização não nos descaracterize na nossa individualidade, e para validar a própria cultura, este é um blog dedicado ao ensino da língua e cultura portuguesa.
Eu sou____________ e venho de _______. Tenho _______________ anos de idade. De manhã digo _______________ aos meus amigos. Eu vou dormir à ______. Eu vivo com ________________________________________________. Descanso no fim-de-semana, isto é, no _______ e no ________.
Altera o género e o número das seguintes palavras, fazendo-as preceder do artigo correspondente:
cadelas- santo- professoras- bonecas- mãe- irmãs-
Escreva por extenso os seguintes números:
3- 6- 15- 79- 100- 230- 1582-
Observa a imagem e divide sintacticamente as frases, apresentando um dos testes de identificação de constituintes (sujeito e objecto directo)?
Todas as famílias podem ser diferentes. Umas mais numerosas, outras mais pequenas; umas mais chegadas, outras mais distantes; umas têm uma casa, outras duas. A noção de família é diferente de pessoa para pessoa, pois cada um de nós vive realidades diferentes. A maioria das famílias são unidas por laços de sangue, mas outras são constituídas por irmãos de diferentes pais, vários filhos adoptados, por duas mães, por tios que nos criam... Cada família é uma realidade.
Léxico essencial:
Pai (s)
Mãe (s)
Filho (a) (s)
Irmão (s)
Irmã (s)
Avô (s)
Avó (s)
Tio (a) (s)
Sobrinho (a) (s)
Primo (a) (s)
Expressões essenciais:
Núcleo familiar
Exercício:
Observa a imagem em baixo e preenche os espaços em branco.
Em português há várias formas de pedir e agradecer algo. No final de qualquer pedido, é costume, por um modo de cortesia, dizer "por favor". Quando o pedido é satisfeito agradece-se a dizer "obrigado" (masc.) ou "obrigada" (fem.). Também se usa a forma "agradecido" ou "agradecida". Após o agradecimento é de costume o outro dizer "de nada" ou "não tem de quê".
Por exemplo,numa passadeira rolante da estação de metro do Marquês de Pombal, um passageiro pede para passar a outro que se encontra parado: Pode dar-me licença, por favor? / Posso passar, se faz favor?/ Com licença...
O outro passageiro deixa-o passar enquanto diz:
Por favor!/ Faça o favor!
O primeiro, que fez o pedido, ao passar agradece:
Obrigado! (caso seja do sexo masculino) Obrigada! (caso seja do sexo feminino) Muito obrigado(a)! Agradecido (a)! (consoante o sexo)
Enquanto o que se desviou replica:
De nada!/ Não têm de quê!
Por outro lado, podemos observar vários verbos preferencialmente ligados, semanticamente, ao pedido. O verbo"poder", no presente do indicativo (pres. do ind.) com um verbo auxiliar no infinitivo (inf.), é talvez o mais usado para expressar um pedido:
Eu posso tirar um rebuçado? Tu podes estar calado? Ele pode entrar? Nós podemos vero bebé? Vós podeis vir comigo? Eles podem voltar mais tarde?
Da mesma forma, o uso do verbo poder no futuro do pretérito do indicativo (fut. do pret. do ind.) com um verbo auxiliar no infinitivo, também é usado para expressar o pedido, mas de uma forma mais cortês e polida:
Eu poderiatirar um rebuçado? Tu poderias estar calado? Ele poderia entrar? Nós poderíamos ver o bebé? Vós poderíeis vir comigo? Eles poderiam voltar mais tarde?
Este verbo é mais utilizado na formação da interrogativa. Mas não é só o verbo "poder" exprime o sentido de pedido, nem se pode fazê-lo só com interrogativas. O pedido pode ser formado após lhe ter sido perguntado o que deseja.
Deseja alguma coisa? Então o que deseja? Então o que vai ser? Posso ajudar-lhe?
Assim, pode-se formular um pedido através de uma frase afirmativa:
Eu quero um bolo, se faz o favor. Tu tens de trazer o livro. Eles precisam de uma cartolina. Nós temos de falar consigo. (Você) Dê-me um guardanapo. Eles têm de fazer os trabalhos de casa.
Estes verbos, semanticamente, transitam entre o pedido e a ordem, adequando-se a diversas situações e tipos de interlocutores. Mas neste momento interessa-nos reter que o pedido pode ser expresso de diversas formas, tanto na interrogativa, como na afirmativa (e até no imperativo), e que pode surgir associado a expressões fixas como "por favor", o que implica certos tipos de respostas mais ou menos cristalizadas. Mais tarde voltaremos a este assunto para aprofundá-lo.
(in. Gato fedorento)
Léxico essencial:
Poder (verbo no fut. do pret. do ind. e no fut. do pret. do ind.)
Dá-se o nome de ARTIGO às palavras o (com as variações a, os, as) e um (com as variações uma,uns, umas) que se antepõem aos substantivos para indicar:
a) que se trata de um ser já conhecido do leitor ou ouvinte, seja por ter sido mencionado antes, seja por ser objecto de um conhecimento de experiência, como nestes exemplos:
Levanta-se, vai à mesa, tira um cigarro da caixa de laca, acende o cigarro no isqueiro, larga o isqueiro, volta ao sofá. (Fernanda Botelho, X, 183)
Atravessaram o pátio, deixaram na escuridão o chiqueiro e o curral, vazios, de porteiras abertas, o carro de bois que apodrecia, os juazeiros. (Graciano Ramos, VS, 161)
b) que se trata de um simples representante de uma dada espécie ao qual não se faz menção anterior:
(...) Era uma casinha nova, a meia encosta, com trepadeiras pela varanda. Tinha um pomar pequeno de laranjeiras e marmelos e mais uma hortazinha, ao longo do rego que descia do morro.(Rodrigo M. F. de Andrade, V, 119)
No primeiro caso dizemos que o artigo é DEFINIDO; no segundo, INDEFINIDO.
Observação: « O artigo é um signo que exige a presença de outro (ou outros) com o qual se associa em sintagmas: um signo dependente. Por outra parte, pertence ao tipo de signos que se agrupam em paradigmas ou inventários limitados, fechados: os signos morfológicos, cujos conteúdos - os morfemas - constituem o sistema gramatical, em oposição aos signos léxicos, caracterizados por constituirem inventários abertos, ilimitados» (Emilio Alarcos Llorach. El artículo en español. In To Honor Roman Jakobson; Essays on the Occasion of his Seventieth Birthday, I. The Hague - Paris, Mouton, 1967, p.19).
FORMAS DO ARTIGO
Formas simples
1) São estas as formas simples do artigo:
2) No português antigo havia as formas lo (la, los, las) e el do artigo definido.
Lo (e suas variações) só aparecem hoje, como artigo, em construções estereotipadas do tipo mai-lo (=mais o) ocorrentes em falares de Portugal (...)
3) A forma arcaica el do artigo masculino fossilizou-se na titulatura el-rei, talvez por influência da conservadora linguagem da Corte:
Então o terceiro a El-Rei rogouLicença de os buscar, e El-Rei negou. (Fernando Pessoa, OP, 25)
Formas combinadas do artigo definido
1) Quando o substantivo, em função de complemento ou de adjunto, se constrói com uma das preposições a, de, em e por, o ARTIGO DEFINIDO que o acompanha combina-se com essas preposições, dando:
2) Crase. O artigo definido feminino, quando vem precedido da preposição a, funde-se com ela e tal fusão (=CRASE) é representada na escrita por um acento grave sobre a vogal (à). Assim:
Vou a + a cidade = Vou à cidade (prep. que introduz o adjunto adverbial do verbo ir) + (artigo que determina o substantivo cidade) = ( a craseado, a que se aplica o acento grave)
Não raro, o à vale como redução sintáctica da expressão à moda de (= à maneira de, ao estilo de): (...)Mas o major? Porque que não ria à inglesa, nem à almã, nem à francessa, nem à brasileira? Qual o seu género? (Monteiro Lobato, U, 117) (...)
4) Quando a preposição que antecede o artigo está relacionada com o verbo, e não com o substantivo que o artigo introduz, é aconselhável que os dois elementos fiquem separados, embora não faltem exemplos da sua aglutinação na prática dos melhores escritores:
A circunstância de as vindimas juntarem a família prestava-se a uma reunião anual na Junceda. (Miguel Torga, V, 159) (...)
5) A antiga preposição per contraía-se com lo(s), la(s), formas primitivas do artigo definido, produzindo pelo(s), pela(s). Estas contracções vieram substituir polo(s) e pola(s), de emprego normal no potuguês clássico, como ilustram os versos camonianos:
Pois polos doze pares dar-vos quero Os doze de Inglaterra, e o seu Magriço. (L, I, 12)
Da Lua os claros raios rutilavam Polas argênteas ondas Neptuninas. (L, I, 58)
Formas combinadas do artigo indefinido
1) O ARTIGO INDEFINIDO pode contrair-se com as preposições em e de, originando:
2) As preposições em e de, antepostas ao artigo indefinido que integra o título de obras, separam-se dele na escrita:
Sofríamos do que, em Um olhar sobre a Vida, qualifiquei de «insónia internacional». (Genolino Amado, RP, 21) (...)
3) Também não é aconselhável a contracção do artigo indefinido com a preposição que se relaciona com o verbo, e não com o substantivo que o artigo introduz:
A obra atrasou-se em virtude de uns operários se terem acidentado."
In. CINTRA, Luís F. Lindley; CUNHA, Celso: Nova gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1997, pp.207-212
Pode-seidentificar o objecto directo (OD) da frase:
Pela substituição do constituinte OD pela forma acusativa do pronome pessoal:
O Germano comeu o pão.
O Germano comeu-o.
Pela topicalização do OD, passando o constituinte para a esquerda do verbo:
A Graça segurou a mala.
A mala foi segurada pela Graça.
Pela interrogativa de instanciação "Quem-?" "O que é que-?":
O Jorge agarrou (o Constantino + a caneta) na esquadra.
(Quem + O que é que) o Jorge agarrou na esquadra?
Propriedades típicas de OD.
Com certos verbos transitivos, o OD final pode ser nulo(0/):
a) O gato caçou [(0/)OD] toda a noite. b) A Sara está a dormir [(0/)OD].
Com certos verbos transitivos que exprimem tipos gerais de eventos ou processos, o argumento que deveria acorrer como OD final pode ser incorporado no verbo:
a) O padre disse uma oração[OD] na missa. b) O padre orou[V] na missa.
Quando a natureza nominal é o argumento nuclear que admite mais facilmente o especificador nulo (0/):
a) Comi galinha ao almoço. b) *galinha está no prato.
O OD final ocorre tipicamente sem preposição (prep). No entanto é precedido de prep:
Quando o OD é um pronome relativo quem:
a) Encontrei a actriz a quem o júri atribuiu o prémio.
Quando o OD é um clítico pronominal:
a) Vi-aa ela a entrar no carro.
Em certas expressões feitas, o OD ocorre procedido de "a":
a) Amar a Deus mas amá-lo.
Nas frases básicas , o OD final ocorre imediatamente à direita do verbo; e imediatamente à direita do objecto indirecto (OI), se:
OI for um clítico:
a) O José fez-lhe [OI] a vontade[OD].
OD for um SN longo ou complexo ou uma frase de complemento:
a) A Sílvia copiou da Susana[OI] a resposta[OD]
Cf. MATEUS, H. Mira et alii: Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Caminho, 1989
Exercício:
Identifique o objecto directo (complemento directo) da frase escrita no quadro, da imagem em cima, aplicando os testes acima descritos.
Identifique na frase, na imagem em baixo, o complemento directo.
Pela identificação do sujeito com a frase "Foi SU que -"
A Graça segurou a mala.
Foi a Graça que segurou a mala. (e não a Maria).
Pela estrutura pseudo clivada"(Quem + O que) SV ser SU"
O Estevão abriu a porta.
A pedra partiu a janela.
Quem abriu a porta foi o Estevão.
O que partiu a janela foi a pedra.
Pela topicalização do sujeito, passando-o para a direita de estrutura*:
A Solange tapou o frasco.
O frasco foi tapado pela Solange.
Pela interrogativa de instanciação, "Quem -", "O que - "
O filme pareceu pequeno.
O José pareceu pequeno.
(Quem + O que) pareceu pequeno?
* Numa frase activa com passiva correspondente, o SU final é, na passiva respectiva um obliquo (OBL) e ocorre precedido da preposição (Prep), em geral "por".
OBS: Nas frases básicas o sujeito (SU) ocorre na primeira posição argumental da frase; é o controlador (típico da concordância verbal); preferencial da anáfora frásica; exclusivo dos pronomes anafóricos. Quando o SU é um pronome não enfático tem, geralmente uma realização nula. A inexistência de SUs «gramaticais», aparentemente vazios, funcionam como «suporte» em estruturas de verbos impessoais. A inexistência de uma forma pronominal nominativa que exprima o chamado SU «indeterminado» pode ser expresso pelo clítico nominativo se acompanhado pela 3º pessoa do singular de um verbo e pela 3ª pessoa do plural de um verbo com o SU nulo. Cf. MATEUS, H. Mira et alii: Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Caminho, 1989
Exercício: Identifique o sujeito da frase escrita no quadro, da imagem em cima, aplicando os testes acima descritos.
Ordem na frase: "Uma frase é constituída por um sequência linear de um conjunto de unidades básicas, as palavras, numa ordem determinada." In. RAPOSO, Eduardo Paiva- Introdução à Gramática Generativa, Lisboa, Moraes editores, 1979
A Joana bateu no carro.
O carro bateu na Joana.
*Na bateu Joana carro o.
A ordem básica nas frases declarativas é SVO ( Sujeito, Verbo, Objecto)
Ex: A Marta comeu a sopa.
Em Português exibe-se o complemento à direita do verbo (SVO), normalmente ordem não marcada, sem pausas e sem acento contrastivo
Ex. O Luís leu o livro {SVO}
Mas:
O livro, o Luís leu.{OSV}
O livro, leu o Luís.{OVS}
Leu o livro, o Luís.{VOS}
Topicalização: Deslocação de constituintes para a esquerda da frase; há uma tendências em português para se deslocar para o início da frase o constituinte sobre o qual recaí, de um modo especial, a atenção ou interesse do autor da enunciação; qualquer que seja a função sintáctica e a natureza estrutural do constituinte deslocado, este pode sempre deixar uma cópia pronominal.
O Luís leu-o.
Frase: é uma unidade estrutural, uma sequência estruturada de palavras. Os elementos da frase organizam-se numa estrutura de níveis hierarquizados, organizando-se uns em relação aos outros, segundo diversos níveis de hierarquização.
Tema: Dias da semana, meses do ano, estações e datas.
Como vimos anteriormente, a semana é constituída por cinco dias de trabalho e dois de fim-de-semana:
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
Domingo
Agora vamos ver os meses do ano. Em geral, podemos dividir o ano em meses e estações. Os meses são doze:
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
As estações do ano são quatro:
Primavera
Verão
Outono
Inverno
A primavera começa a 21 de Março (dia da árvore) até 20 de Junho. O verão vai de 21 de Junho a 22 de Setembro. De 23 de Setembro a 20 de Dezembro é Outono. Por fim, de 21 de Dezembro a 20 de Março é Inverno.
(com referente no Inglês)
Agora que já vimos os dias da semana, do mês, as estações e os números, torna-se mais fácil falar sobre datas.
Por exemplo, em português, ao pode-se perguntar qual o dia corrente:
Que dia é hoje?/ Em que dia é que estamos?/ Estamos a quantos?
Ao que se responde :
Hoje é dia dezassete de Maio. / Hoje é sábado. Hoje é (dia) catorze de Setembro. / Hoje é quinta-feira. / Hoje é quinta.
Mas também pode surgir uma pergunta de carácter pessoal como a data de aniversário:
Quando é que fazes anos?/ Qual a tua (sua) data de nascimento?/ Quando é o seu (teu) aniversário?*
Ao que se responde, por exemplo:
Eu faço anos no dia treze de Dezembro. / Eu nasci a vinte e um de Fevereiro. / Os meus anos são a nove de Março.
*Esta última forma é mais comum no português do Brasil, tendo-se em Portugal a primeira forma como preferencial.
Exercício:
"Assinale se as afirmações são verdadeiras (V) ou falsas (F).
Os cursos têm datas iguais, mas horários diferentes.
As inscrições para os cursos acabam no dia 4 de Junho."
In. Teste de conhecimento de língua portuguesa (maiores de 15 anos), 19 de Maio de 2007
Adaptado para um nível inicial A1/A2 Tema: Numerais cardinais
(com referente no Inglês)
Os numerais podem ser cardinais, ordinais, multiplicativos e fraccionários.
Hoje vamos-nos debruçar sobre os numerais cardinais.
"Os numerais cardinais são os números básicos. Servem para designar:
a) a quantidade em si mesma, caso em que valem por verdadeiros substantivos
Dois e dois são quatro.
b) uma quantidade certa de pessoas ou coisas, caso que acompanham um substantivo à semelhança dos adjectivos:
Geraldo levantou-se, deu três passos para a frente. (Osman Lins, FP, 158.) - Botou a cinco cântaros o mel... e a dois lagares o azeite. (Aquilino Ribeiro, M, 44.)"
In. CINTRA, Luís F. Lindley; CUNHA, Celso: Nova gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1997, p. 367
Vamos, então, comparar os numerais arábicos com os cardinais:
0. zero
um
dois
três
quatro
cinco
seis
sete
oito
nove
dez
onze
doze
treze
caquatorze
quinze
dezasseis ou dezesseis
dezassete ou dezessete
dezoito
dezanove ou dezenove
vinte
A partir daqui, junta-se o numeral das dezenas com o das unidades, utilizando, para uni-las, a conjunção [e]. Por exemplo:
23 » vinte (dezenas) e três (unidade)
Assim temos:
30. trinta 40. quarenta 50. cinquenta 60. sessenta 70. setenta 80. oitenta 90. noventa 100. cem (ou cento, quando associado a outro valor que não o redondo 100)
Também a partir daqui, se junta as centenas às dezenas e unidades, sempre separado pela conjunção [e]. Assim:
A partir do milhar conta-se as unidades de milhar, dezenas de milhar centenas de milhar, até ao milhão (1.000.000). Como por exemplo:
4567. quatro mil, quinhentos e sessenta e sete 87453. oitenta e sete mil, quatrocentos e cinquenta e três 785498. setecentos e oitenta e cinco mil, quatrocentos e noventa e oito
(com referente no Inglês)
TEORIA GRAMATICAL: "Flexão dos numerais. Cardinais:
1. Os NUMERAIS CARDINAISum, dois, e as centenas a partir de duzentos variam em género:
um - uma dois - duas duzentos - duzentas trezentos - trezentas
2.Milhão, bilião (ou bilhao), trilhão, etc. comportam-se como substantivos e variam em número: dois milhões vinte trilhões
3.Ambos, que substitui o cardinal os dois, varia em género:
ambos os pés - ambas as mãos
4. Os outros CARDINAIS são invariáveis. (...)
Valores e empregos dos cardinais.
1. Na lista dos CARDINAIS costuma-se incluir zero (0), o que equivale a um substantivo, geralmente usado em aposição:
grau zero; desinência zero
2.Cem, forma reduzida de cento, usa-se como adjectivo invariável:
Cem rapazes; cem meninas
Cento é também invariável. Emprega-se hoje apenas:
a) na designação dos números entre cem e duzentos
cento e dois homens; cento e duas mulheres
b) precedido do artigo, com valor substantivo:
Comprou um cento de bananas. ; Pagou caro pelo cento de peras.
c) na expressão cem por cento.
3. Usa-se ainda conto (antigamente = um milhão de réis) no sentido de «mil escudos» (em Portugal) (...)
4. Bilião (que também se escreve bilhão, principalmente no Brasil), significava outrora «um milhão de milhões», valor que ainda conserva em Portugal (...). No Brasil (...) representa hoje «mil milhões». (...)
Cardinal como indefinido.
O emprego do número determinados pelo indeterminados é um processo de superlativação preferidos pelas línguas românicas. Sirva de exemplo o cardinal mil, desde os começos da língua largamente usado para expressar e indeterminação exagerada:
Em Abril, chuvas mil[ou «em Abril, águas mil»]
Emprego da conjunção e com os cardinais.
1. A conjunção e é sempre intercalada entre as centenas, dezenas e unidades:
trinta e cinco trezentos e quarenta e nove
2. Não se emprega a conjunção entre os milhares e as centenas, salvo quando o número terminar numa centena com dois zeros:
1892= mil oitocentos e noventa e dois 1800= mil e oitocentos
3. Em números muito grandes, a conjunção e emprega-se entre os membros da mesma ordem de unidades, e omite-se quando se passa de uma ordem para a outra:
293 572 =duzentos e noventa e três mil quinhentos e sessenta e dois 332 415 741 211 = trezentos e trinta e dois biliões (ou bilhões), quatrocentos e quinze milhões, setecentos e quarenta e um mil duzentos e onze. ".
Ibidem, pp.371-373
(com referente no Inglês)
Temas abordados:
Números
Numerais cardinais
Cardinal como indefinido
Conjunção e
Provérbio "Em Abril, águas mil."
Exercício:
Ouça o texto e escreva os números que são enunciados.
Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá a falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…
Luís de Camões : "Verdes são os campos"
Verdes são os campos, De cor de limão: Assim são os olhos Do meu coração.
Campo, que te estendes Com verdura bela; Ovelhas, que nela Vosso pasto tendes, De ervas vos mantendes Que traz o Verão, E eu das lembranças Do meu coração.
Gados que pasceis Com contentamento, Vosso mantimento Não no entendereis; Isso que comeis Não são ervas, não: São graças dos olhos Do meu coração.
Luis Vaz de Camões: "O dia em que eu nasci, moura e pereça"
O dia em que eu nasci, moura e pereça, Não o queira jamais o tempo dar, Não torne mais ao mundo e, se tornar, Eclipse nesse passo o sol padeça.
A luz lhe falte, o sol se lhe escureça, Mostre o mundo sinais de se acabar, Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, A mãe ao próprio filho não conheça.
As pessoas pasmadas, de ignorantes, As lágrimas no rosto, a cor perdida, Cuidem que o mundo já se destruiu.
Ó gente temerosa, não te espantes, Que este dia deitou ao mundo a vida Mais desgraçada que jamais se viu!
Bocage: "A Camões, comparando com os dele os seus próprios infortúnios"
Camões, grande Camões, quão semelhante Acho teu fado ao meu quando os cotejo! Igual causa nos fez perdendo o Tejo Arrostar co sacrílego gigante:
Como tu, junto ao Ganges sussurrante Da penúria cruel no horror me vejo; Como tu, gostos vãos, que em vão desejo, Também carpindo estou, saudoso amante:
Lubíbrio, como tu, da sorte dura, Meu fim demando ao Céu, pela certeza De que só terei paz na sepultura:
Modelo meu tu és... Mas, ó tristeza!... Se te imito nos transes da ventura, Não te imito nos dons da natureza.
Cláudio Manuel da Costa: "Soneto V"
Se sou pobre pastor, se não governo Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes; Se em frio, calma, e chuvas inclementes Passo o verão, outono, estio, inverno;
Nem por isso trocara o abrigo terno Desta choça, em que vivo, coas enchentes Dessa grande fortuna: assaz presentes Tenho as paixões desse tormento eterno.
Adorar as traições, amar o engano, Ouvir dos lastimosos o gemido, Passar aflito o dia, o mês, e o ano;
Seja embora prazer; que a meu ouvido Soa melhor a voz do desengano, Que da torpe lisonja o infame ruído.
Florbela Espanca : "Ser Poeta"
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente!
Francisco José Tenreiro : "Canção do Mestiço"
Mestiço!
Nasci do negro e do branco
e quem olhar para mim
é como se olhasse
para um tabuleiro de xadrez:
a vista passando depressa
fica baralhando cor
no olho alumbrado de quem me vê.
Mestiço!
E tenho no peito uma alma grande
uma alma feita de adição
como l e l são 2.
Foi por isso que um dia
o branco cheio de raiva
contou os dedos das mãos
fez uma tabuada e falou grosso:
— mestiço!
a tua conta está errada.
Teu lugar é ao pé do negro.
Ah!
Mas eu não me danei ...
E muito calminho
arrepanhei o meu cabelo para trás
fiz saltar fumo do meu cigarro
cantei do alto
a minha gargalhada livre
que encheu o branco de calor! ...
Mestiço!
Quando amo a branca
sou branco...
Quando amo a negra
sou negro.
Pois é...
Fernando Pessoa: "Mar português" In Mensagem
Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.
Luís de Camões : "Amor é fogo que arde sem se ver"
"Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"
Luís de Camões (1524-1580)
Aníbal Nazaré e Nelson de Barros: "Fado Falado"
Fado Triste Fado negro das vielas Onde a noite quando passa Leva mais tempo a passar Ouve-se a voz Voz inspirada de uma raça Que mundo em fora nos levou Pelo azul do mar Se o fado se canta e chora Também se pode falar
Mãos doloridas na guitarra que desgarra dor bizarra Mãos insofridas, mãos plangentes Mãos frementes e impacientes Mãos desoladas e sombrias Desgraçadas, doentias Quando à traição, ciume e morte E um coração a bater forte
Uma história bem singela Bairro antigo, uma viela Um marinheiro gingão E a Emília cigarreira Que ainda tinha mais virtude Que a própria Rosa Maria Em dia de procissão Da Senhora da Saúde
Os beijos que ele lhe dava Trazia-os ele de longe Trazia-os ele do mar Eram bravios e salgados E ao regressar à tardinha O mulherio tagarela De todo o bairro de Alfama Cochichava em segredinho Que os sapatos dele e dela Dormiam muito juntinhos Debaixo da mesma cama
Pela janela da Emília Entrava a lua E a guitarra À esquina de uma rua gemia, Dolente a soluçar. E lá em casa:
Mãos amorosas na guitarra Que desgarra dor bizarra Mãos frementes de desejo Impacientes como um beijo Mãos de fado, de pecado A guitarra a afagar Como um corpo de mulher Para o despir e para o beijar
Mas um dia, Mas um dia santo Deus, ele não veio Ela espera olhando a lua, meu Deus Que sofrer aquele O luar bate nas casas O luar bate na rua Mas não marca a sombra dele Procurou como doida E ao voltar da esquina Viu ele acompanhado Com outra ao lado, de braço dado Gingão, feliz, levião Um ar fadista e bizarro Um cravo atrás da orelha E preso à boca vermelha O que resta de um cigarro Lume e cinza na viela, Ela vê, que homem aquele O lume no peito dela A cinza no olhar dele
E o ciume chegou como lume Queimou, o seu peito a sangrar Foi como vento que veio Labareda atear, a fogueira aumentar Foi a visão infernal A imagem do mal que no bairro surgiu Foi o amor que jurou Que jurou e mentiu Correm vertigens num grito Direito ou maldito que há-de perder Puxa a navalha, canalha Não há quem te valha Tu tens de morrer Há alarido na viela Que mulher aquela Que paixão a sua E cai um corpo sangrando Nas pedras da rua
Mãos carinhosas, generosas Que não conhecem o rancor Mãos que o fado compreendem e entendem sua dor Mãos que não mentem Quando sentem Outras mãos para acarinhar Mãos que brigam, que castigam Mas que sabem perdoar
E pouco a pouco o amor regressou Como lume queimou Essas bocas febris Foi um amor que voltou E a desgraça trocou Para ser mais feliz Foi uma luz renascida Um sonho, uma vida De novo a surgir Foi um amor que voltou Que voltou a sorrir
Há gargalhadas no ar E o sol a vibrar Tem gritos de cor Há alegria na viela E em cada janela Renasce uma flor Veio o perdão e depois Felizes os dois Lá vão lado a lado E digam lá se pode ou não Falar-se o fado.
(Interpretado e difundido por João Villaret)
Alexandre O'Neill: "Divertimento com sinais ortográficos"
... Em aberto, em suspenso Fica tudo o que digo. E também o que faço é reticente... : Introduzimos, por vezes, Frases nada agradáveis... . Depois de mim maiúscula Ou espaço em branco Contra o qual defendo os textos , Quando estou mal disposta (E estou-o muitas vezes...) Mudo o sentido às frases, Complico tudo... ! Não abuses de mim! ? Serás capaz de responder a tudo o que pergunto? ( ) Quem nos dera bem juntos Sem grandes apartes metidos entre nós! ^ Dou guarida e afecto A vogal que procure um tecto.
Sebastião da Gama : "Pequeno poema"(1945)
Quando eu nasci, ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias, nem o Sol escureceu, nem houve Estrelas a mais… Somente, esquecida das dores, a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci, não houve nada de novo senão eu.
As nuvens não se espantaram, não enlouqueceu ninguém…
Pra que o dia fosse enorme. bastava, toda a ternura que olhava nos olhos da minha Mãe…
António Gedeão: "Lágrima de preta"
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
Luís de Camões: "Endechas a Bárbara escrava"
Aquela cativa Que me tem cativo, Porque nela vivo Já não quer que viva. Eu nunca vi rosa Em suaves molhos, Que pera meus olhos Fosse mais fermosa. Nem no campo flores, Nem no céu estrelas Me parecem belas Como os meus amores. Rosto singular, Olhos sossegados, Pretos e cansados, Mas não de matar. Uma graça viva, Que neles lhe mora, Pera ser senhora De quem é cativa. Pretos os cabelos, Onde o povo vão Perde opinião Que os louros são belos. Pretidão de Amor, Tão doce a figura, Que a neve lhe jura Que trocara a cor. Leda mansidão, Que o siso acompanha; Bem parece estranha, Mas bárbara não. Presença serena Que a tormenta amansa; Nela, enfim, descansa Toda a minha pena. Esta é a cativa Que me tem cativo; É pois nela vivo, É força que viva.
Ricardo Reis (Fernando Pessoa): "Para ser grande"
Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a Lua toda Brilha, porque alta vive.
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Bibliografia utilizada:
CINTRA, Luís F. Lindley; CUNHA, Celso: Nova gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1997
Conselho da Europa: Quadro Europeu Cumum de Referência para as Línguas, Porto, ASA Editores, 2001
MATEUS, H. Mira et alii: Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Caminho, 1989