Quando eu era pequeno

Adaptado para um nível inicial A2

Tema:
Quando eu era pequeno

Léxico e conversação
; Teoria gramatical (Pretérito Imperfeito)


Quando eu era pequeno, eu vivia em Lisboa, em Alvalade. Como os meus pais não tinham muito dinheiro, eu, a minha irmã, a minha mãe e o meu pai vivíamos com a minha avó paterna. Eu andava no colégio São João de Brito, onde estudava, brincava e ria com os meus amigos.


Depois, quando tinha onze anos de idade, mudamos de casa, para o Cacém, periferia de Lisboa, onde os meus pais compraram um apartamento. Não era muito grande, mas pelo menos cada um de nós tinha o seu próprio quarto.


Desde cedo aprendi a fazer tudo sozinho, e por isso, quando saía da escola, eu ia para casa e fazia o meu próprio almoço. Hoje sou um bom cozinheiro pois sempre fui um rapaz habituado a fazer de tudo na cozinha.


Passei a ir para a Escola Gama Barros, mas no nono ano decidi fazer um curso de formação profissional de bancário, e então passei a ir todos os dias estudar em Lisboa, onde ficava a escola profissional.


TEORIA GRAMATICAL:
Pretérito Imperfeito

Pretérito Imperfeito - tempo de um passado continuado

O pretérito imperfeito do indicativo é formado a partir do presente do indicativo a que se junta as desinências:

1ª conjugação -ar

Eu ficava
Tu ficavas
Ele ficava
Nós ficávamos
Vos ficáveis
Eles ficavam

2ª conjugação -er

Eu vivia
Tu vivias
Ele vivia
Nós vivíamos
Vos vivíeis
Eles comiam

3ª conjugação -ir

Eu ria
Tu rias
Ele ria
Nós ríamos
Vos ríeis
Eles riam

Nota: É excepção os verbos "ser", "ter", "vir" e "pôr" que por razões etimológicas fazem o imperfeito com "era", "tinha", "vinha" e "punha".

"A própria designação deste tempo - PRETÉRITO IMPERFEITO - ensina-nos um valor fundamental; o de designar um facto passado, mas não concluído (imperfeito = não perfeito, inacabado). Encerra pois uma ideia de continuidade, de duração do processo verbal mais acentuada que outros tempos pretéritos, razão porque se presta essencialmente para descrições e narrações de acontecimentos passados. "
In.CINTRA, Luís F. Lindley; CUNHA, Celso: Nova gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1997, p. 450


O pretérito imperfeito refere-se a uma acção do passada mas habitual, durativa e não limitada no tempo.

O pretérito imperfeito é utilizado para:
  • "Quando, por pensamentos, nos transportarmos a uma época passada e descrevermos o que então era presente: (...)
  • Para indicar, entre acções simultâneas, a que se estava processando quando sobreveio a outra: (...)
  • Para denotar uma acção passada habitual ou repetida (IMPERFEITO FREQUENTATIVO): (...)
  • Para designar factos passados concebidos como contínuos ou permanentes: (...)
  • Pelo futuro do pretérito, para denotar um facto que seria consequência certa imediata de outro, que não ocorreu, ou não poderia ocorrer: (...)
  • Pelo presente do indicativo, como forma de polidez para atenuar uma afirmação ou um pedido (IMPERFEITO DE CORTESIA): (...)
  • Para situar vagamente no tempo contos, lendas, fábulas, etc. (caso em que se usa o imperfeito do verbo ser, com sentido existencial):(...)" Ibiden, p. 450-451 [excepto imagens]
Algumas formas irregulares que deve conhecer:

Verbo Ser no Pretérito Imperfeito (V. Ser Pret. Imperf.)

(Eu) era

(Tu) eras

(Ele/ela) era

(Nós) éramos

(Vós) éreis

(Eles /Elas) eram

+ (A gente*) era

Verbo Ter no Pretérito Imperfeito (V. Ter Pret. Imperf.)

(Eu) tinha

(Tu) tinhas

(Ele/ela) tinha

(Nós) tínhamos

(Vós) tínheis

(Eles /Elas) tinham

+ (A gente*) teve

Verbo Ir no Pretérito Imperfeito (V. Ter Pret. Imperf.)

(Eu) ia

(Tu) ias

(Ele/ela) ia

(Nós) íamos

(Vós) íeis

(Eles /Elas) iam

+ (A gente*) iam

Agora que já aprendeste algumas formas do Pretérito Perfeito do Indicativo, vamos tentar dizer as correspondentes formas dos verbos "fechar","conter" e "abrir".


Exercício:
  • Diz em que tempo, modo pessoa e género se encontram os verbos da frase que acompanha a imagem em baixo.
  • Ouve a música e preenche os espaços em branco:
In. Rosa dos Ventos "Quando eu era pequenina"(Música Tradicional Portuguesa), Mafra, Noites da cigarra 2007
Quando eu ____________ pequenina,
Acabada de nascer.

Ainda mal ____________ os olhos,
Já _____________ para te ver.

E quando eu já for velhinha,
Acabada de morrer.
Olha bem para os meus olhos:

Sem vida hão de te ver.


  • Vê o ouve a entrevista e diz qual das afirmações são verdadeiras ou falsas:
In. "As tardes da Julia", TVI
  1. A Micaela levou a fotografia dos filhos para o programa.
  2. A Micaela levou algo pessoal para o programa.
  3. A Micaela pertenceu aos Onda Choc.
  4. Toda a gente da idade dela quer estar integrada nesse grupo.
  5. O disco chamava-se "Não tenho idade para amar-te"
  6. Ela tinha dez anos quando participou no disco.
  7. Ela tinha vontade de participar no mundo da música.
  8. Ela aprendeu, com os Onda Choc, a cantar e a tocar um instrumento.
  9. Ela tinha saudades dos Onda Choc.
  10. Ela acha que, hoje em dia, faz falta este tipo de grupos musicais.
  11. O filho da Micaela também canta num grupo como os Onda Choc.
  • Preenche os espaços em branco, com as formas do pretérito:

"_________(andar) eu sem ter onde cair vivo

_____(ir) procurar abrigo nas frases estudadas do senhor doutor

Ai de mim não era nada daquilo que eu _______ (querer)

Ninguém se _____________(compreender) e eu _______ (ver) que a coisa ______(ir) de mal a pior


Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal

Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual

Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar

Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar


___________ (andar) eu sozinho a tremer de frio

______ (ir) procurar calor e ternura nos braços de uma mulher

Mas _____________-me (esquecer) de lhe dar também um pouco de atenção

E a minha solidão não me _________ (largar) da mão nem um minuto sequer(...)"

«Na terra dos Sonhos» In. Jorge Palma: , "Qualquer Coisa Pá Música", Editora Danova, 1979

  • Complete o texto utilizando as formas verbais do passado adequadas (pretérito perfeito e imperfeito do indicativo).


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